Pra ver a banda tocar: arte da música contribui na educação de alunos
A voz de comando pede aos alunos que peguem os instrumentos musicais, se alinhem e marquem o passo. Os sons do trompete, trombonito, prato, caixa, surdo e bumbo começam a ecoar no pátio da escola com seus diferentes timbres. No repertório, temas marciais como Richard, Charles Tones e o hino da Marinha Mercante, além de clássicos da MPB, como Aquarela (Toquinho), Asa Branca (Luiz Gonzaga) e Trem das Onze (Adoniran Barbosa), entre outros. Trata-se de mais um ensaio do Pra ver a banda tocar, projeto desenvolvido pela prefeitura desde 2005, dentro do programa Santos Criança e que leva educação musical a centenas de crianças do ensino fundamental da rede pública. Entre instrumentistas e linha de frente (alunos que fazem coreografias e levam as bandeiras), cerca de 1.800 estudantes divididos em 32 bandas participam de desfiles cívicos, abertura de eventos, festas comunitárias e concursos na cidade e no Estado, representando sua escola. A iniciativa tem influenciado a vida dos alunos, tanto no tocante ao ensino quanto no convívio social e familiar. Responsabilidade, disciplina, concentração e memória, raciocínio matemático, mais interesse em sala de aula e amor pela escola são as mudanças observadas no dia a dia dos alunos. "É uma base para a criança se tornar um profissional da música ou tê-la como hobby em suas vidas. Têm alunos que, a partir do projeto, montaram sua banda. Comecei como eles, em banda escolar", disse o monitor Arnaldo José do Nascimento, da banda marcial da Irmão José Genésio, no José Menino. Como laboratório, os monitores também integram a Banda Labirinto, regida pelo maestro Alexandre Felipe Gomes. Em seis horas de ensaio semanais, os alunos estudam teoria musical, ritmo, fazem exercícios de controle de baqueta, entre outros. Depois que terminam o ensino fundamental, podem continuar no projeto por mais um ano. A aluna Priscila da Silva, 13 anos, toca trombonito na banda da José Genésio. "Gosto deste instrumento e, há um mês, toco na igreja que frequento. É gratificante representar a escola que estudo e saber que represento bem". Já Rafael de Santana, 12 anos, há três na banda, prefere a caixa. "Quero estudar mais a música". Seu colega, Matheus Barros, de 12, toca trompete. "Também sei tocar violão e violino", conta. DE ALUNO A MONITOR De aluno, líder de naipe e auxiliar a monitor das bandas das escolas Judoca Ricardo Sampaio e Monte Cabrão, na área continental. José Alberto Valentim Filho, 20 anos, passou por todas estas etapas na rede pública e há dois anos e meio ensina o que aprendeu. "É gratificante, porque sei que aqueles pequenos podem crescer como eu cresci. Toda criança gosta de desafiar". Ele conta que desde criança gostava de ver desfiles de bandas escolares. "A música está em todos os momentos, na alegria e na tristeza. É tudo para mim". Zelo pelo instrumento e humildade também são transmitidos aos alunos, segundo ele. "Todos os instrumentos são importantes e cada aluno é responsável pelo seu e deve ter todo cuidado". Além de monitor, Alberto está começando em uma banda de pop rock como baterista. Um sonho: "Seguir carreira na música".