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Terapia mostra resultados positivos em promoção de saúde e vínculos comunitários

Publicado: 24 de janeiro de 2010
20h 00

"Quando a boca cala, o corpo fala. Quando a boca fala, o corpo sara". Baseado neste conceito, o trabalho proposto pela Terapia Comunitária vem ganhando espaço e novas adesões na cidade, apresentando resultados que comprovam promoção de saúde, melhora da autoestima, qualidade de vida e fortalecimento do vínculo comunitário. O método, desenvolvido pelo professor e psiquiatra Adalberto de Paula Barreto, teve início em Santos, de forma pioneira na região, em 2006, com menos de dez grupos. Hoje são mais de 50, em equipamentos nas áreas de saúde e assistência social espalhados por toda cidade: zonas leste, noroeste, central, morros e área continental.

"O principal objetivo é auxiliar no sofrimento humano, proporcionando um espaço de escuta e reflexão e, assim, contribuir para o alívio de estresses e tensões que podem comprometer nossa saúde física e mental, além de colaborar na superação dos problemas, ou mesmo aprender a conviver melhor com eles", explica Acácia Costa, responsável pelo projeto nos equipamentos da SMS (Secretaria de Saúde). Para isso são realizadas reuniões diretamente nas comunidades. Cada grupo com uma periodicidade, de acordo com a necessidade, que pode ser semanal, quinzenal ou mensal.

Um dos locais onde o grupo é mais assíduo e que já apresenta bons resultados é do Centro de Referência da Assistência Social do Morro São Bento. A cada 15 dias, na quarta-feira, pela manhã, o grupo está reunido para a terapia. Acompanhar uma sessão é também uma lição de vida. Sentados em círculo, eles batem palmas em agradecimento pela oportunidade, fazem uma dinâmica de aquecimento e, um a um, conforme suas próprias vontades, compartilham as vivências, dividindo preocupações, vitórias, angústias e conquistas.

SENTIMENTOS
No espaço, algumas regras são seguidas: todos escutam em silêncio, ninguém julga ou dá conselhos. À medida que divididos, os problemas tocam o coração dos demais, talvez porque muitos já viveram situações semelhantes às relatadas. As pessoas falam de seus sentimentos, dos problemas familiares, de preocupações com empregos, com parentes envolvidos com dependência química, da dificuldade de expressar sentimentos e da saudade de pessoas queridas que faleceram.

Com a orientação dos terapeutas Fernanda Bernadete Rosim Braga e de Gerson Batista de Mendonça, eles buscam o autoconhecimento e se sentem fortalecidos por meio do contato com o grupo. Raimunda Paula Rabelo dos Santos, 29 anos, frequenta a terapia há seis meses. Fica emocionada ao falar da saudade dos parentes que moram longe, diz da falta que a mãe (falecida há poucos anos) lhe faz e de sua vontade em conseguir expressar de forma mais clara o amor que sente pelos filhos.

Tudo isso está sendo trabalhado por ela. Mas muitas coisas já melhoraram. "Eu sempre tive o hábito de falar gritando. Dá a impressão que estou brava, brigando. E não é isso. Hoje acho que consigo conversar de uma forma melhor. Aqui é aconchegante, você recebe carinho, atenção", conta. Fátima dos Santos, 38 anos, participa há oito meses e também está satisfeita. "Pra minha vida a terapia comunitária foi algo maravilhoso. Aqui me sinto fortalecida e aprendi a lidar melhor com as coisas do dia a dia. Melhorou muito tudo dentro da minha casa, com os filhos, o esposo", garante. Ao final da reunião, dão as mãos, em círculo, cantam e se abraçam. Trocam calor humano. Estão mesmo preparados e fortalecidos para o desafio de uma nova semana.

CAPACITAÇÃO
De acordo com a terapeuta, a assistente social Fernanda, os avanços são perceptíveis. "Eles criaram uma consciência de vínculo comunitário. Passaram a se ver de forma diferente, respeitando os problemas de cada um, trocando experiência, se auxiliando". A ideia é de que o trabalho seja expandido em breve. Aos 118 profissionais já capacitados na primeira turma por Adalberto Barreto, se somarão mais 74. O último módulo da capacitação da nova turma, que permitirá abrir novos grupos, acontece entre os próximos dias 1º e 4, com profissionais da secretarias municipais de Saúde, Assistência Social, Educação, Gestão, da Cohab e do Iprev.