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Paraatletas ultrapassam barreiras com incentivo público

Publicado: 7 de junho de 2010
18h 00

A superação dos próprios limites, aliada às oportunidades geradas pela prefeitura, tem levado paraatltetas a conquistar medalhas e trofeus, colocando a cidade em evidência no esporte adaptado. Iniciado pela Semes (Secretaria de Esportes) para oferecer lazer e inclusão social aos deficientes, o trabalho ganhou novos rumos com a Fupes (Fundação Pró-Esporte de Santos) que gerencia a formação de atletas, busca patrocínios e apoios para campeonatos (Jogos Regionais e Abertos do Interior).

Quartoze paraatletas (cadeirantes, deficientes visuais e físicos) conquistaram recentemente 22 medalhas no Circuito Caixa Paraolímpico Centro-Sul, em Maringá (PR). Conforme a Fupes, atualmente são duas equipes de natação e atletismo, somando 40 esportistas.

Esses e outros talentos são pinçados das aulas gratuitas oferecidas pela Semes no Centro Esportivo da Zona Noroeste e, principalmente, no Complexo Esportivo e Recreativo Rebouças. Estão matriculados 400 alunos deficientes que praticam natação - a mais procurada -, hidroginástica, basquete, capoeira, futsal, ciclismo e musculação. Há também o surfe, outra opção na praia da Pompeia.

Segundo a Fupes, o esporte adaptado (atletismo e natação) foi incluído nos Jogos Abertos do Interior em 2000, embora em 2006 as provas passaram a contar pontos separadamente para ter o campeão do PCD (Pessoas com Deficiências).

Formação de ídolos
Na academia do Rebouças, cerca de 40 alunos deficientes dividem os treinos com esportistas. “A presença dos paraatletas na musculação ajuda outros alunos a mudar a visão limitada sobre a recuperação”, disse o técnico de atletismo Eduardo Leonel. É o caso de Jaciel Paulino, 37 anos, considerado uma referência para alunos e atletas iniciantes.

Devido à poliomielite, ele parou de andar com 1 ano e aos 30 se encontrou no atletismo: é bicampeão da São Silvestre e da Maratona de São Paulo. Paulino foi um dos primeiros alunos da academia montada em 2004. “Por ser adaptada, facilita o nosso treino e proporciona aprendizado com a inclusão”.

Ele treina três horas por dia, entre musculação e corrida pelas ruas na cadeira profissional. “Somos cobrados como qualquer atleta por bons resultados e colocação em ranking”. O exemplo do corredor é a inspiração para Jean Carlos dos Santos Corrêa, 14 anos.

Vítima de uma lesão medular no parto, o jovem encontrou há quatro anos no esporte novos objetivos e com ajuda de Paulino aprende técnicas para uma boa performance nas corridas. “Ele tem muita velocidade. Quando crescer quero ser igual a ele”, afirmou Jean Carlos.

Na opinião de Leonel, ele é a aposta para a Olimpíada de 2016, no Brasil. “Por ser jovem, tem condições de melhorar muito seu rendimento. É um atleta que assimila as informações rapidamente, é técnico e interessado em tudo que acontece na sua modalidade”. E Jean Carlos confirma a identificação com o esporte: “Correndo na minha cadeira esqueço que não posso andar”, disse o campeão da São Silvestrinha de 2009. Para o treinamento, a Semes disponibiliza ainda cinco cadeiras de corrida aos atletas que representam a cidade.

No esporte, um novo modo de olhar
Quando deu à luz aos 22 anos a pernambucana Marleide Maria da Silva sofreu um derrame na vista. Descobriu que estava com retinose pigmentar, doença sem cura e que a deixaria cega a qualquer momento, o que de fato aconteceu 13 anos depois. Apesar da tristeza, seguiu determinada a vencer novos desafios.

Com a dica da irmã que já morava aqui, ela teve em Santos a chance de recomeçar. Saiu da terra natal e há cinco anos vive na cidade, onde se dedica ao esporte. Aos 40, acumula mais de 80 trofeus, é bi-campeã brasileira de ciclismo paraolímpico, a única triatleta com deficiência visual da América Latina e uma das poucas que encara o mar, revolto ou não.

Marleide aprendeu a ter confiança irrestrita no outro, pois para correr, pedalar e nadar precisa de um acompanhante. Na corrida, cada um usa uma pulseira, unidas por pequena corda elástica; no ciclismo, a bicicleta é de dois lugares: o guia vai na frente e ela atrás, no controle da velocidade e da troca de marcha. Já na natação nadam lado a lado. “O esporte é uma forma de mostrar a mim mesma e aos outros que podemos nos superar”, afirmou a paraatleta que sonha com a Paraolimpíada de 2012 em Londres.

De acordo com a técnica Marília dos Santos Vivian, a triatleta se dedica aos treinos quatro horas por dia e em competições chega a nadar 1.500 metros, correr dez quilômetros e pedalar mais 40, em duas horas e meia. “Ela evoluiu rápido em seis meses e ainda não tem concorrente no triathlon. Marleide mostra que para desejar algo não há limites”.

Busca de patrocínios
O programa Adote um Atleta, da prefeitura, estimula parcerias da iniciativa privada. No esporte adaptado a novidade é o convênio com a Transbrasa, iniciado em abril. O patrocínio da empresa será de um ano, com investimentos de R$ 120 mil, aumentando de dez para 20 o número de esportistas de natação e atletismo beneficiados.

Eles e os demais atletas da Fupes também recebem mensalmente uma ajuda de custo da prefeitura, cujo valor varia segundo o rendimento do atleta em campeonatos, títulos e resultados. Outros apoios se referem ao local de treinamento, por meio de convênios com a prefeitura. Além dos equipamentos esportivos, os atletas treinam gratuitamente no Lar das Moças Cegas, no Brasil FC e no Santa Cecília.

“O esporte adaptado cresce graças ao trabalho do poder público com o oferecimento da estrutura, dedicação dos professores e ao apoio da iniciativa privada. Para o atleta é uma forma de sociabilização e a conquista de um destaque em sua vida através do esporte”, disse o presidente da Fupes, Rogério Sampaio.

Serviço
Para colaborar os empresários podem ligar para 3269-8860. Já interessados em alguma modalidade esportiva da Semes devem telefonar para 3261-1980.