Seu navegador não possui suporte para JavaScript o que impede a página de funcionar de forma correta.
Conteúdo
Notícias

Escola Carmelita: há 50 anos formando crianças e jovens para a vida

Publicado: 18 de agosto de 2010
18h 00

Meio século de resgate da auto-estima, desenvolvimento da autonomia e potencialidades de milhares de crianças e jovens com deficiência intelectual. Referência na cidade, a escola municipal Maria Carmelita Proost Villaça, na Ponta da Praia, celebra neste mês 50 anos formando cidadãos para a vida, em aulas que transcendem as salas comuns de aprendizado, com lousa e giz.

A unidade foi inaugurada em 1960, com 34 alunos, pelo então prefeito Sílvio Fernandes Lopes. No começo, funcionava com recursos da Saúde e, depois, assumida pela Secretaria de Educação, passou a ter ênfase pedagógica. “Na época, deficiência mental era tratada como doença. Este espaço dá oportunidade para o ser humano se desenvolver”, diz a diretora Magda Aparecida da Silva.

Em um prédio térreo para facilitar a mobilidade, a unidade atende 202 estudantes, de seis a 18 anos, divididos em dois grupos: aqueles que ainda não têm maturidade para frequentar o ensino regular e os que estão na escola comum e precisam de suporte pedagógico individualizado. “Descobrimos o que o aluno tem de talento e o estimulamos. Isso dá dignidade a ele”.

Eles participam de oficinas que subsidiam o trabalho em sala, como culinária, artesanato, expressão corporal, meio ambiente e informática. Há também as pré-profissionalizantes de marcenaria, arte e papel, pintura e biju arte, preparatórias ao mercado de trabalho. Tudo é vendido no bazar da unidade e a renda revertida em benefícios educacionais.

De lá, os alunos podem ser encaminhados para outras unidades de ensino regular ou à Educação de Jovens e Adultos. “Aqui você vê os pequenos milagres acontecendo e cada conquista é muito grande. Um simples afago na criança é um tesouro. A pureza deles nos ensina a ser melhor”, afirma a diretora.

Transformações
Nas oficinas, eles fazem do pano, papel e madeira criativos colares, chaveiros, bolsas, enfeites de porta, quadros, caixas, entre outras peças. “Transformamos o papel em bloquinhos, cadernos, calendários. Damos ideias e, se ficar feio, fazemos de novo; se ficar bom levamos à diretora”, diz a aluna Aldrey dos Santos Dória, 17 anos, que sonha em trabalhar.

Quem também se modifica é Elza de Souza, de 67, funcionária mais antiga. Com 32 anos dedicados à unidade, ela é responsável pela recepção aos alunos. “Vou me aposentar e será difícil porque criei raiz. É gratificante vê-los mais independentes lá fora”.

Namoro de escola dá casamento
O que Edna Alexandrina e Lenildo de França, 20 anos, têm em comum além do amor é terem se conhecido nas oficinas do Carmelita. Em cinco anos, namoraram, desmancharam, reataram e agora estão de casamento marcado para novembro. O primeiro beijo foi nos corredores e hoje, fora dali, recordam momentos especiais. “Reatamos o namoro na festa junina da escola”, lembra ela. Mas não é só isso que guardam na memória: “Essas paredes eram azuis”, afirma Lenildo, no pátio. “Tenho muita saudade e vou lembrar sempre das professoras”.

A mãe dele, Edna Maria Basílio, de 44, fala do desenvolvimento do filho. “Ele estudou aqui desde os 7 anos e aprendeu muito. Ele mexe com computador e faz tudo em casa”. Lenildo trabalha há oito meses na Santa Casa como auxiliar de limpeza, e a noiva estuda no Educandário Santista.