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Curso sobre ervas medicinais: tradição que desafia a vida moderna

Publicado: 11 de janeiro de 2018
14h 26

Primeiro vem a observação. Depois, a identificação de cada planta, sua cor, cheiro, textura, formato das folhas, se ingerida como chá, em salada, banho, ou aplicada sobre a pele.

Em meio aos canteiros do Jardim Botânico, a tradição milenar da história oral se perpetua através do curso livre de ervas medicinais Não é necessário fazer inscrição, basta comparecer toda terça e quinta-feira, das 14h às 16h45.

Nesses dias, a professora de história Raquel de Oliveira Maia dos Santos 61 anos, sai de sua casa, na Ponta da Praia, e vai ao Bom Retiro transmitir seus conhecimentos de cura. Uma sabedoria que aprendeu com sua avó, uma espanhola de raízes ciganas, e que Raquel já passou para sua filha e pretende transmitir também à neta de 6 anos, quando esta tiver mais idade. “Isso está na família há muitas gerações”.

RAÍZES

Raquel faz parte do programa Vovô Sabe Tudo, da Secretaria de Assistência Social, e seu envolvimento é tão grande que ela não interrompeu as aulas, nem mesmo com o programa em período de férias.

A professora tem algumas informações anotadas, não guarda mais tudo de cabeça, mas andando pelo parque vêm de memória o nome e a utilidade de várias plantas que estão no caminho. E aponta para o boldo (bom para estômago e fígado), gervão (tosse), amora (TPM, osteoporose), confrei (anti-inflamatório). “Seria tão bom se ao invés de termos uma farmácia em cada esquina, alguns desses lugares fossem para cultivo de plantas medicinais. Precisamos voltar à nossa raiz”, afirma Raquel.

A professora diz que seu curso é bastante procurado por quem vive na Zona Noroeste e atribui isso ao fato da maioria morar em casa. “Elas têm quintal, têm onde plantar”. Ela mesma mora em apartamento e precisou se contentar com cinco vasos. Mas sempre encontra pela Cidade a planta que precisa para cuidar da família.

CUIDADO

Maria Aparecida de Souza, 47, moradora do Bom Retiro, se interessou pelo curso porque pretende tomar calmante de forma natural. “É melhor do que se entupir de remédio”. Jussara Maria de Andrade Paschoal, 70, moradora do São Jorge, também foi atraída pelo curso para um tratamento pessoal. “Tenho problema com o fígado e vim aprender a me cuidar e como cultivar o boldo”.

Raquel alerta que mesmo o tratamento à base de planta exige cuidado. Um deles é de que nenhuma erva deve ser consumida diariamente por mais de um mês. “É preciso fazer uma pausa até para o corpo não se acostumar e perder o efeito”. Assim, de boca em boca e em contato com a natureza, a cultura das ervas medicinais segue desafiando os incrédulos, a modernidade e vai se perpetuando junto com a humanidade.

Fotos: Isabela Carrari