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Qualidade de vida e renovação: é o surfe sênior da Escola Radical. Assista ao vídeo

Publicado:
4 de dezembro de 2018
17h 20

ANDRESSA LUZIRÃO

 

Praia da Pompeia, posto 2, manhã de terça-feira. A aula de surfe da Escola Radical começa no exercício do aloha: um cumprimento de mão, um abraço, um sorriso, um beijo no rosto. Os alunos pegam a prancha, deitam-na no chão e passam parafina. “É para não escorregar”, explica Francisco Verazani de Aguiar, 74 anos, que há 13 faz aulas da modalidade junto à esposa Edmea Pereira, 71, momentos que considera ‘sagrados’.

 Com o grupo, eles seguem em direção ao mar, como um exército que vai para uma batalha contra qualquer tristeza ou doença, onde a arma e o escudo são a prancha e o mar. Ainda na areia, se aquecem, fazem exercícios técnicos e participam de atividades lúdicas antes de ‘cair na água’. Ao todo são 61 alunos que fazem parte do Blue Med Sênior 50+, programa recém-criado pela Escola Radical por meio de acordo de cooperação entre a Secretaria de Esportes (Semes) e a empresa Blue Med Saúde. Em quase dois meses de funcionamento – o projeto começou em 9 de outubro -, a inciativa está com lista de espera de interessados em mais qualidade de vida por meio do surfe.

“Santos tem um público grande de terceira idade e nessa faixa etária é comum a solidão, uma das principais causas de morte no mundo inteiro. Por isso, é importante retomar o carinho e o toque. Não é só ficar em pé na prancha. É rever amigos e fazer novos. Solidão é o que não queremos. Aqui escutamos Elton John, acendemos incenso, temos abraço. É um dia sem pressa, sem relógio, é outro tempo”, diz o coordenador da Escola Radical, Cisco Araña, contando que no primeiro dia de aula fez os alunos pularem amarelinha. “Nela se trabalha equilíbrio, planejamento, lateralidade, disciplina. Queremos voltar no tempo e ir na contramão do que a sociedade impõe a essas pessoas. Tem gente espetacular aqui. Queremos que elas se sintam com 20 anos”, acrescenta ele, que recebeu a visita do prefeito Paulo Alexandre Barbosa na aula desta terça-feira (4).

“Vamos fortalecer esse trabalho que é referência para o Brasil e o mundo, um dos melhores exemplos que a Cidade tem. O novo desafio é ampliar essa turma e ter outra escola de surfe a ser entregue em 2019 no posto 3, voltada para pessoas com deficiência”, destacou o prefeito. Para o diretor financeiro da Blue Med, Rogério Proft, “o projeto está fazendo bem para as pessoas e temos interesse em nos aliar a esse tipo de iniciativa, a um sênior que investe nele mesmo. Vemos aqui um sênior feliz, se sentindo capaz. O projeto já é conhecido mundialmente”.

A Blue Med disponibilizou para o projeto dez pranchas, cem roupas de lycra para a atividade e cinco professores. Segundo Cisco, 25 pessoas atendidas pela empresa de saúde participarão das aulas e outras 32 da lista de espera também já foram pré-selecionadas para o começo do ano. “Algumas pessoas de idade já faziam aulas com a gente. Em pouco tempo, o projeto teve muita adesão e vai para quase 120 alunos em dois horários”, comemora. Por enquanto, as aulas são somente às terças, das 8h30 às 10h30.

 

CORAGEM E ALEGRIA

 

Quem levou seu Francisco e dona Edmea para o surfe foi o filho dela, de 48 anos, deficiente visual. “Trazíamos ele aqui para fazer aula, recebemos o convite e começamos a participar. Saio daqui com o dobro de coragem e animação. Nos sentimos com mais segurança e com a autoestima elevada. Todas as pessoas de certa idade precisam saber o bem que isso faz, não só pelo esporte, mas pela família que formamos aqui. O mar é uma alegria, uma renovação”, diz Francisco, morador da Zona Noroeste. Para a esposa, “nos dias de aula levantamos com empolgação. Me sinto mais jovem”.  

RECOMEÇO

Morador do Boqueirão, Marcelo Vilas Boas, 51, começou a prática há pouco tempo e, para ele, é um recomeço. “Há dez anos sofri um acidente de carro, quebrei a coluna em vários lugares. E há três tive um problema de estresse que me fez perder a visão do olho esquerdo. Entrei em depressão e tive crises de pânico. Estou recomeçando e o surfe está me ajudando”.

 

ESCOLA RADICAL

 

Com 28 anos de funcionamento, a Escola Radical de Surfe conta 461 alunos fixos, entre crianças, jovens, adultos e idosos, participantes de aulas de surfe e bodyboard. Neste ano, o equipamento também recebeu 94 pessoas de outros países, que participaram de aulas avulsas, além de mais de 1.800 alunos de diversas instituições. Só em janeiro, durante o Projeto Verão, foram 692 pessoas que praticaram bodyboard - novas inscrições em janeiro. Já para a Escola Radical, as inscrições abrem em fevereiro. Informações sobre vagas pelo telefone 3251-9838.

 

Fotos: Isabela Carrari

 

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