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Dia Internacional da Mulher: Pagu, atual um século depois

Publicado: 7 de março de 2018
19h 52

Jornalista, romancista, desenhista, poetisa, precursora de moda, incentivadora cultural e musa da terceira geração do Modernismo. Uma mulher 100 anos à frente de seu tempo, nasceu Patrícia Rehder Galvão, em 9 de junho de 1910, e morreu Pagu, em 12 de dezembro de 1962.

Se o empoderamento feminino está na pauta dos nossos dias e é lembrado principalmente neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, não é exagero dizer que Pagu foi uma das mães (quem sabe a avó) do movimento no Brasil. Ainda mais se for levado em consideração o cenário de um século atrás, quando as mulheres formadas para serem apenas boas donas de casa e não tinham sequer direito de votar.  

Bem antes de se tornar-se Pagu, a jovem Zazá, como era conhecida no ambiente familiar, já era uma mulher avançada para os padrões da época, dadas algumas "extravagâncias", como fumar na rua, usar blusas transparentes, cabelos curtos e eriçados. Seu comportamento não era compatível com sua origem familiar conservadora e tradicional.

 Embora tenha sido uma das musas dos modernistas, Pagu não participou da Semana de Arte Moderna. Tinha apenas 12 anos em 1922. Entretanto, aos 18 anos, pouco depois de completar o curso na Escola Normal da Capital, ingressou no movimento antropofágico, sob a influência de Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral.

O apelido Pagu surgiu de um erro do poeta modernista Raul Bopp, ao dedicar a ela, em 1928, o poema "Coco de Pagu". Bopp inventara o apelido, imaginando que o nome de sua musa fosse Patrícia Goulart e pretendendo fazer uma brincadeira com as primeiras sílabas do nome.

Em 1931, ao participar da organização de uma greve de estivadores em Santos, Pagu foi presa pela polícia política de Getúlio Vargas. Foi a primeira de uma série de 23 prisões. Depois de alguns anos de militância, em 1933, partiu para uma viagem pelo mundo. No mesmo ano publicou o romance Parque Industrial, sob o pseudônimo de Mara Lobo.

Em 1935 foi presa em Paris como comunista estrangeira e repatriada para o Brasil. Retomou sua atividade jornalística, sendo novamente presa e torturada pelas forças da ditadura de Getúlio Vargas, ficando na cadeia por cinco anos. Ao sair da prisão, em 1940, rompeu com o Partido Comunista, passando a defender um socialismo de linha trotskista.

No início dos anos 1940, Pagu viajou à China, obtendo as primeiras sementes de soja que foram introduzidas no Brasil. Em 1945, lançou novo romance, A Famosa Revista, escrito em parceria com o marido Geraldo Ferraz. Tentou, sem sucesso, uma vaga de deputada estadual nas eleições de 1950. Em 1952 frequentou a Escola de Arte Dramática de São Paulo, levando seus espetáculos a Santos, onde fixou residência e atuou como animadora cultural.

ARTE

Incentivou e conviveu com jovens talentos santistas que apenas começavam suas carreiras, como o ator e dramaturgo Plínio Marcos e o compositor Gilberto Mendes. Em Santos também liderou a campanha para a construção do Teatro Municipal e foi uma das fundadoras da Associação dos Jornalistas Profissionais. Também criou a União do Teatro Amador de Santos, além de escrever críticas literárias e teatrais para o Jornal A Tribuna.

Pagu ainda trabalhava como crítica de arte, quando foi acometida por um câncer. Viajou a Paris para se submeter a uma cirurgia, mas o resultados não foram positivos. Decepcionada e desesperada por estar doente, chegou a tentar suicídio. Sobre o episódio, escreveu o panfleto "Verdade e Liberdade: Uma bala ficou para trás, entre gazes e lembranças estraçalhadas". Voltou ao Brasil em 1962, e morreu em decorrência da doença.

Patrícia Galvão dá nome ao principal complexo artístico de Santos. Fazem parte do centro de cultura o Teatro Municipal Braz Cubas, Teatro de Arena Rosinha Mastrângelo, Museu da Imagem e do Som de Santos (Miss), Hemeroteca Roldão Mendes Rosa, e duas galerias de arte. O prédio também abriga a Secretaria Municipal de Cultura (Secult), além diversas oficinas e cursos regulares.