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Concluído o censo de árvores no primeiro bairro de Santos

Publicado:
2 de abril de 2019
14h 33

Fita métrica, trena, máquina fotográfica, bastão com 1,30m de altura. Este é o material de trabalho das estagiárias da Secretaria de Meio Ambiente (Semam), Gabriella de Ponte e Natália Pertusi, que diariamente percorrem as ruas de Santos para fazer história: elas estão preparando o primeiro censo arbóreo da Cidade, que em um primeiro momento vai mapear as espécies localizadas na área insular plana.

O trabalho é coordenado por Sandra Pivelli, bióloga da Semam. O primeiro bairro percorrido por elas já foi completamente mapeado: a Pompeia, com suas 373 árvores de 41 espécies e predominância de ingás, saboneteiras, ipês, quaresmeiras e oitis. O primeiro Censo Arbóreo de Santos teve início na segunda quinzena de dezembro. No momento, os trabalhos prosseguem no Gonzaga. A Semam estima que todos os bairros estejam avaliados até o final de 2020.

AGRESSÕES

Entre os dados obtidos na Pompeia, o Censo descobriu, por exemplo, que mais de 90% das 373 árvores apresentavam algum tipo de agressão.

“Encontramos a presença de pregos, pinturas, nomes, placas, cortes nos troncos e até mesmo podas sem autorização. Tudo isso é proibido pela legislação e pode gerar multas superiores a R$ 5 mil aos infratores”, explica o engenheiro agrônomo João Cirilo, chefe do Departamento de Políticas e Controle Ambiental da Semam. Por outro lado, o estudo também constatou que cerca de 30% das árvores possuíam algum tipo de proteção, como cercas providenciadas pelos próprios munícipes. Berços (espaço para o plantio na calçada) menores que 60cm x 60cm e com a presença de lixo também foram ocorrências verificadas em mais de 20% das árvores analisadas, assim como a existência de mais de uma espécie no mesmo berço, denotando que o plantio foi feito sem autorização da Prefeitura.

COMO É FEITO

Uma vez na rua, as estagiárias medem o diâmetro do tronco. Elas também medem a altura do espécime, sendo que na Pompeia as árvores mais altas foram um chapéu de sol e um guanandi, ambos com cerca de 20 metros.

O trabalho mensura ainda o formato e o diâmetro das copas, o tipo de pavimento utilizado nas calçadas (mosaico, ladrilho hidráulico, concreto etc) e o estado de conservação do piso.

Também são anotadas a presença de flores, insetos, parasitas e epífitas (bromélias, orquídeas, samambaias etc), além de possíveis interferências com a rede elétrica ou hidráulica. Para Sandra, o trabalho “permite aprender muito não só da biologia das árvores, mas entender a relação das pessoas com elas”.

POPULAÇÃO

Curiosa, a população questiona a respeito do trabalho quando a equipe este em campo.

“Há pessoas que querem a retirada de árvores sadias, por falta de consideração. É importante que saibam a relevância de ter uma árvore por perto”, afirma Gabriella, que cursa Engenharia Ambiental.

“A prática é muito importante para nós, principalmente em relação à identificação das espécies e a avaliação fitossanitária das árvores”, diz Natália, que faz licenciatura em Ciências Biológicas.

Cada árvore mapeada ganha um registro digital e é localizada no sistema de georreferenciamento da Prefeitura. No futuro, o censo poderá nortear o planejamento arbóreo de Santos – seja para ampliar a oferta de áreas verdes em alguns locais e também para aumentar a diversidade de espécies, de forma a oferecer alimentos mais variados à fauna.

“Além de todos os dados serem disponibilizados ao público, esse levantamento inédito permitirá com que qualquer administração possa planejar e conservar o patrimônio arbóreo com muito mais facilidade e economia”, afirma o secretário Marcos Libório.

Fotos: Rogério Bomfim