Centro Pop: da rua para o convívio familiar

Entre janeiro e julho, o Centro Pop realizou 942 recâmbios de pessoas em situação de rua. Parte delas voltou para o convívio familiar após longo tempo de separação. A outra parcela voltou para a cidade de origem.

A chefe da Equipe de Rua do Centro Pop, Rosana Dias, explica que essa busca por parentes é feita com a concordância do assistido. Partindo do nome completo de quem está na rua e de sua cidade natal, a equipe faz contatos com o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) desse município e também nas redes sociais.

Além do Centro Pop, a Seção de Acolhimento de Adultos, Idosos e Famílias em Situação de Rua (SeAcolhe-AIF) e a Seção Abrigo de Adultos, Idosos e Famílias em Situação de Rua (SeAbrigo-AIF) localizaram, juntas, 11 familiares de abrigados.

Reaproximação familiar

O gaúcho Carlos Henrique Moraes, 55 anos, está em situação de rua há uma década e metade desse tempo em Santos. Após vários atendimentos da Secretaria de Assistência Social (Seas), foi possível localizar Camila, a filha mais velha.

Além de uma carta, Camila trouxe um álbum com fotos de Carlos concluindo a Faculdade de Ciências Contábeis, trabalhando para o Governo do Rio Grande do Sul e, claro, muitas imagens de familiares e dele, quando morava com a família em Porto Alegre.

Carlos se emociona ao rever as fotos e contar algumas passagens, se queixa das pessoas condenarem quem está na rua. Apesar da saudade, ele tem receio de como será a recepção ao pai, que volta após dez anos de vida nas ruas. “É bom ver que eles estão de braços abertos, qualquer dia eu volto”.

Aparência

Karmem Marina Endringer, 22, ensaia o retorno para casa, em Tangará da Serra (MT), após viver nove meses em situação de rua, junto com Clayton da Silva Chagas, 32. Ela teme ser recriminada em virtude da aparência. Karmem perdeu o RG e vai fazer a segunda via para retomar sua vida no Mato Grosso. Faz planos de voltar a trabalhar e alugar um imóvel para o casal. “Na minha cidade o aluguel é barato, com R$ 200,00 você aluga uma casa boa”.