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Casamento, um sonho comunitário - veja galeria de fotos

Publicado: 27 de setembro de 2017
9h 21

As mãos inquietas denunciam o nervosismo da auxiliar de enfermagem Maria do Carmo Marques, 53 anos. Ao lado, o servidor Paulo da Silva, 56, mal consegue ficar parado.

Na fila na Rua Amador Bueno, enquanto aguardam para entrar no cartório, cada um recorda um pouco de sua história: a separação, os casamentos e o reencontro. Dentro de alguns minutos, um sonho de mais de quatro décadas ficará registrado no papel.

Eles fazem parte dos 85 casais que, nesta quarta-feira (27), oficializam a união pelo casamento comunitário, promovido pela Secretaria de Relações Institucionais e de Cidadania. Às 18h, a festa é no Vasco da Gama (Ponta da Praia).

Para entender um pouco do nervosismo de Maria do Carmo é preciso voltar a 1974, na Rua Washington de Almeida, no Bom Retiro, onde as duas crianças moravam. Aos 10 anos, ela já suspirava quando o menino passava distraído em frente ao seu portão para ir à escola.

O primeiro amor era tão forte que a menina fotografou Paulo sem ele ver. Mal sabia ela que a foto que a fazia suspirar, anos depois, já amarelada pelo tempo, serviria de prova do amor platônico que virou realidade.

Eles nunca namoraram na infância, cada um seguiu seu caminho, mudaram de endereço, casaram, cada um teve dois filhos e se divorciaram. Até que a filha de Maria do Carmo, Meire da Silva, 34, começa a namorar o irmão caçula de Paulo.

Meire serviu de cupido, Paulo superou os traumas da união anterior, até que seis meses atrás eles passaram a viver juntos, até que a morte os separe.

Religião e direitos civis

Os dez anos de união da técnica de enfermagem Evelyn de Oliveira Vasconcelos, 33, e o técnico de segurança do trabalho, Anderson Ramos Silva, 37, já resultaram em dois filhos.

A vontade de casar sempre existiu, mas o custo e a correria da vida moderna deixavam a oficialização em segundo plano. “Meu filho mais velho, de oito anos, começou a cobrar e decidimos casar”, disse Evelyn, que viu no casamento comunitário a fórmula de acabar com essa pendência e ainda garantir os direitos civis.

Também na fila, os auxiliares de limpeza Beatriz dos Santos, 25, e Daniel do Nascimento, 29, posavam para uma das testemunhas do casamento fotografá-los. “Para a mulher esse momento é mais importante que para o homem”, opinou Beatriz. “Toda menina sonha em casar e ter filho”, disse Beatriz, que já realizou os dois sonhos. Daniel entende que tudo se resume a “um simples papel”, enquanto Beatriz afirma que ficará tranquila até em respeito à sua religião.

As histórias dos 85 casais continuam, agora com as mal traçadas linhas da vida registradas em cartório.

Fotos: Rogério Bomfim.