Assistência Social: cozinha, uma receita para sair das ruas

Em meio a ovo, sal, água e farinha, quatro ex-moradores de rua prestam atenção a cada dica de culinária da professora Magneide Santos Souza. No curso de Panificação Industrial eles procuram a receita para deixar o abrigo da Secretaria de Assistência Social (Seas) e mudar de vida.

Walmir Soares Santos, 45 anos, está tão determinado que já começou a distribuir currículo, apesar das aulas terminarem só dia 31 de março. “O importante é conseguir uma chance, depois é só me dedicar até um dia ser padeiro”.

Ele pensa em complementar sua formação com os cursos de confeiteiro e de panetone, todos ministrados pela ong Pró Viver, na Vila Criativa – espaço criado pela Prefeitura, que funciona na região do Mercado Municipal -, e certificados pelo Senai.

Planos

José Roberto Prado, 57 anos, viveu cinco anos nas ruas. Sustentava o vício vendendo latinhas e fazendo bicos na praia, mas cansou de tanto sofrimento. Desde 8 de janeiro não usa drogas e para evitar a tentação, deixou de frequentar a praia. Sabe que vai precisar de boa aparência na hora de procurar emprego, por isso começou tratamento dentário. “A área de panificação é muito grande, tenho certeza que vou conseguir um emprego e sair dessa. Quero um canto só pra mim”.

Adilson Pinto, 55 anos, é grato ao apoio que recebe na Vila Criativa, no Centro Pop, no abrigo da Seas e no Núcleo de Apoio Psicossocial (Naps). Do passado nas ruas prefere não falar. Seu foco está no presente e no futuro, que pretende ser como empregado em uma padaria. “Eu me sinto cada vez mais fortalecido e não posso decepcionar o pessoal que me dá apoio e à minha irmã, que, tenho certeza, está no céu me acompanhando”.

Vulnerabilidade

As aulas de panificação industrial acontecem de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Todos os alunos vivem em situação de vulnerabilidade social e foram encaminhados pela Seas para buscar qualificação profissional e melhorar de vida.

Foto: Raimundo Rosa