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Alunos participam do Papinho Cabeça, de Fátima Bernardes

Publicado:
30 de agosto de 2018
12h 53
Pauê está sentado em uma cadeira usando e mostra exemplar de próteses para os alunos. Uma das meninas, ao lado dele, toca na peça. Os outros estudantes observam. #Pracegover

KÁTIA LOCATELLI

 

Vítor Moreira,10, Eloah Sena, 10, Isabela Caires, 10, Michelly Santos, 10, Giovana da Silva, 11, Andreas Lima, 12 e Riquelmy da Silva,10, serão repórteres para o quadro Papinho Cabeça, do Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo. Eles estudam no 5º ano da unidade municipal João Papa Sobrinho (Gonzaga) e entrevistaram o atleta e palestrante biamputado Paulo Eduardo Chieffi Aagaard, o Pauê, 36, nesta quarta-feira (29) à tarde. 

Uma equipe da emissora esteve na escola para fazer a gravação, que foi bem descontraída. O quadro vai ao ar nesta sexta-feira (31), entre 10h50 e meio-dia.

 

Os estudantes foram preparados para a entrevista na oficina de rádio, TV e jornal de que participam na escola, realizada pela educadora e jornalista Vitória Aparecida dos Santos Silva, 22.

O produtor de reportagem, André Minero, informou que o quadro busca deixar as crianças à vontade para perguntar, com sua espontaneidade característica. “Já fizemos o quadro com ex-morador de rua, mãe cadeirante e foi muito legal porque as crianças são puras e perguntam sem barreiras. Procuramos valorizar a educação pública, pois muita gente acha que só existe coisa boa na escola particular.”

 

Além da superação (aos 18 anos, quando atravessava linha desativada de trem, Pauê foi atropelado por uma locomotiva que transitava apagada, e perdeu parte das pernas), as questões versaram sobre os mais diferentes aspectos, como a adaptação à nova vida, como faz para praticar esportes e curiosidades sobre as próteses que ele usa.

Depois de uma breve apresentação, Pauê abriu para a entrevista.

 

Acompanhe os principais trechos da entrevista:

 

Andreas: Por que seu apelido é Pauê?

Minha avó materna me apelidou assim. Tenho o mesmo nome do meu pai, Paulo Eduardo, e meu pai sempre foi chamado de Paulinho e eu de Pauê.

 

Eloah: Foi difícil sua readaptação ao surfe? (voltou a surfar um ano depois do acidente e foi considerado pela mídia especializada o primeiro surfista biamputado do mundo)

Tive que aprender de novo. De pé tentei muitas vezes, mas sempre caía. Então percebi que conseguia de joelhos, sem a prótese, em contato direto com a prancha, tenho mais domínio. O surfe salvou minha vida. Por isso, se vocês amam fazer alguma coisa, se dediquem e façam, mesmo que de outra forma.

 

Riquelmy: Como foi ter que amputar as pernas?

Não tive opção. As pernas tiveram que ser amputadas de imediato, depois do acidente. Me restava aceitar a nova condição.

 

Giovana: Você teve depressão quando amputou?

Tive momentos de tristeza, se não ocupasse minha mente e minha vida com o esporte, talvez eu tivesse ido para o fundo do poço.

 

Michelly: Você é mais alto ou mais baixo do que era?

Até pedi para aumentar uns 10 centímetros (risos), mas ficaria desproporcional. Tenho a mesma altura de antes.

 

Isabela: Como foi, para você, ser campeão de triatlo?

Foi uma alegria muito grande. Eu tinha 20 anos. Surgiu uma vaga no México e eu não tinha patrocinador. Fui ajudado por duas atletas olímpicas e conquistei o título.

 

Giovana: Como você faz natação?

Sem as próteses. Ttive que desenvolver novas técnicas para voltar a nadar. Só uso para mergulho com cilindro, tenho próteses só para isso.

 

Andreas: Houve preconceito por você usar próteses?

É um assunto muito polêmico. Quando via alguém curioso, olhando de rabo de olho, eu ia conversar. Precisamos levar informações às pessoas. Preconceito surge muito da falta de informação.

 

Eloah: Foi difícil se acostumar a andar com as próteses? São muito caras?

No começo dói muito. Primeiro ficava diante do espelho nas barras paralelas. Nas ruas, com andador, depois com duas muletas, uma muleta, e aí independência, sem nada. Agradeço porque tive esta oportunidade.

Elas são caras porque são importadas. Temos a Lei Brasileira de Inclusão, mas na prática a coisa vem engatinhando. Mas já mudou muito desde o acidente.

 

Neste momento, Pauê mostra duas próteses para os alunos conhecerem, uma com joelho e outra esportiva, mais leve, para provas de velocidade. Todos tocaram nas peças, inclusive nas próteses de Pauê.

 

“Gostei muito de participar deste bate-papo, que hoje foi direcionado ao programa da Fátima Bernardes. Já fui a outras escolas, mas meu foco é realizar palestras em empresas. Estou pensando em criar produtos para crianças também. Gosto do lado espontâneo delas, a nova geração tem óticas diferentes.”

 

 

Foto: Francisco Arrais 

Galeria de Imagens

Conversa de Pauê com alunos é grava por equipe em área livre da escola. O entrevistado e as crianças estão sentados em semi-círculo. A equipe de gravação está em pé. Há cinco pessoas. Elas manuseiam câmeras, microfones e outros equipamentos. #Pracegover
Pauê está em pé posando para foto com as crianças ao lado dele. As próteses estão à frente de duas crianças. #Pracegover