Alunos de grêmios estudantis participam de reflexão sobre violência sexual
A pré-adolescente Lara sofria abusos por parte de seu “vodrasto” (marido de sua avó) desde os cinco anos. Entre as práticas, o homem a agarrava constantemente e olhava a menina se trocar pela fresta da janela. “Se você não fizer o que eu quero, vou mandar sua avó embora”, ameaçava. A garota tentou contar para a mãe, que nunca queria ouvir. Por causa do trauma, ela era contra o casamento de sua mãe com outro homem, por medo que o mesmo ocorresse. Um dia, Lara recebe um panfleto orientando como denunciar. E, finalmente, tomou coragem e denunciou o abusador no dia do casamento de sua mãe.
Este é o enredo do vídeo O Silêncio de Lara, ponto de partida para uma roda de conversa entre 40 alunos dos grêmios das escolas Cidade de Santos, Florestan Fernandes e Lourdes Ortiz e a educadora sexual da Secretaria de Educação, Christiane Andrea, realizada nesta terça-feira (8), na Pinacoteca Benedicto Calixto. A iniciativa integra o Dia Nacional do Enfrentamento da Violência Sexual Infantojuvenil (18 de maio).
“O vídeo retrata a realidade. O mais difícil é ter coragem de denunciar e a Lara mostra que é possível”, disse Raphael Felipe Messias Rodrigues, 13, da unidade Cidade de Santos. Larissa Camargo, 15, da escola Lourdes Ortiz, gostou bastante do bate-papo. “Aprendi como denunciar e como identificar um possível abuso”.
Para denunciar, basta ligar para o Disque 100 (específico para proteção infantojuvenil como abuso/violência sexual) ou o Disque Denúncia 181 (denúncias variadas, como tráfico de drogas, briga de casal, incluindo violência sexual contra crianças e adolescentes). Outra opção é o site Safernet, em que se pode denunciar e tirar dúvidas.
A violência sexual é crime, passível de pena de prisão de 1 a 12 anos. “O abusador se aproveita do ponto fraco da criança, de sua inocência. Se perceber que o adulto está com má intenção, tem que procurar outro adulto e pedir ajuda ou entrar em contato com os disques”.
Christiane afirmou que a violência pode ocorrer em qualquer lugar: igreja, escola, ônibus, clube, casa de amigos e parentes e dentro do ambiente familiar. “Por isso, é muito difícil denunciar”.
Dicas de identificação de um possível abusador
- Transforma-se em amigo da família para ganhar a confiança
- Procura sempre estar só com a criança
- Faz carinhos inapropriados
- Compra presentes ou dá dinheiro para a criança sem razão aparente
- Frequentemente entra no banheiro quando crianças ou adolescentes estão usando
- Frequentemente se oferece para tomar conta da criança sem obter lucros
- Passa a maior parte do tempo com crianças e demonstra pouco interesse em ficar com pessoas de sua idade etc.
Foto: Marcelo Martins