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Uma história de luta e superação através do caratê

Publicado: 26 de setembro de 2017
12h 32

Imagine um menino de seis anos que não consegue respirar sem o auxílio de um cilindro de oxigênio. Agora pense nesse menino treinando caratê e vencendo uma competição. Acredite, ele existe.

Miguel Peres, que foi diagnosticado com uma doença genética, treina na Escola de Caratê da Secretaria de Esportes, no Caruara, há oito meses. “Meu filho estar aqui é um milagre. Os médicos que o acompanham disseram que é caso único no País. Ele tem o problema desde 1 ano e 8 meses, mas o diagnóstico só veio há um ano. Não achavam que fosse possível participar das aulas”, conta a mãe de Miguel, Samara Santos, 43.

Para o que parecia ser impossível virar realidade, a mangueira do cilindro de oxigênio precisa ser grande: os 23 metros de comprimento permitem a movimentação. No começo, para realizar o kata (sequência de movimentos simulando luta) Miguel precisava ficar sentado. A dificuldade era tanta que ele não conseguia fazer a atividade por mais de um minuto.

Com os treinos, veio a evolução. A primeira competição ocorreu mês passado. Foi na 4ª Copa Sensei José André Ferreira, em Cubatão, que Miguel emocionou quem estava no ginásio e realizou a apresentação no kata que garantiu o primeiro lugar na categoria especial. Participando no geral, o menino também foi muito bem e chegou às quartas-de-final.

Lembrar do momento emociona Samara. “Ele chorou por participar. A conquista foi ele estar lá. Isso já era uma vitória. O caratê fez a diferença na vida dele”. Fez mesmo.

Hoje o mesmo peito que abriga pulmões com dificuldade de respirar, carrega a medalha de campeão. Não à toa, o menino tem certeza do que quer. “Gosto muito de fazer caratê com meus amigos e quero ganhar mais medalhas”.

Professor também é exemplo

O professor Manassés Almeida, 47 anos, com mais de 30 dedicados ao caratê, não está surpreso com Miguel. “Nunca tive dúvidas que conseguiria. É dedicado e, quando estiver pronto, também vai competir na luta. Hoje faz de 70% a 80% da aula, o mesmo que os outros, somente respeitando sua resistência”.

Assim como Miguel, Manassés aprendeu o significado da palavra superação muito cedo. Com três anos teve paralisia infantil e, como sequela, a perna esquerda ficou mais curta devido à atrofia no tendão de Aquiles. Desde então, nunca foi possível colocar toda a planta do pé no chão. “Quando era atleta, sempre competi no kumite (luta). Não existia categoria para deficientes, disputava com todos. Mesmo assim, fui da seleção santista, ganhei medalhas em Jogos Regionais, Abertos e pelo Brasil. Também conquistei nos Estados Unidos, Inglaterra, Eslovênia e Uruguai”.

Samara mostra muita gratidão ao falar do professor. “Ele acreditou desde o início. Paciente, nunca cobrou nada. No começo, foi necessária uma dedicação especial. O trabalho oferecido aqui é algo maravilhoso. O Miguel vai ajudar a mostrar a força do caratê no Caruara. Ele diz que quer ser sensei (mestre/professor)”.

Miguel não é o único aluno que participa de forma inclusiva. João Rosa, 14, já faz aulas há dois anos. Com déficit intelectual e audição reduzida, tem mostrado evolução. “Além do benefício físico, ele melhorou bastante no relacionamento com os outros alunos”, explica Sérgio Costa, vice-diretor da escola Judoca Ricardo Sampaio.

Resultados

A escola de caratê no Caruara atende 60 alunos. Muitos têm conseguido resultados nas competições que disputam. Na 4ª Copa Sensei José André Ferreira, em Cubatão, no mês passado, participaram 11 atletas. Foram cinco medalhas, sendo três de ouro, uma de prata e uma de bronze. Joana Nascimento e Rodrigo Araújo são exemplos de alunos que estão se destacando em competições.

Joana, com apenas 9 anos, coleciona diversas medalhas e tem objetivos. “Estou aqui há 3 anos, me fez muito bem. Um dia quero estar na Olimpíada e ser professora de caratê”.

Serviço

Inscrições: a partir de cinco anos

Documentos: RG e comprovante de residência, duas fotos e atestado médico atualizado

Local: Núcleo Escola Total Endereço: Rua Xavantes, 35, Caruara

Aulas: segundas e quartas das 18h às 21h; terças e quintas das 9h às 11h.

Fotos: Isabela Carrari