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Cidade é privilegiada pela biodiversidade

Publicado: 1 de junho de 2010
18h 00

Santos está em um dos 17 estados brasileiros inseridos num dos biomas mais ricos em biodiversidade do planeta, a Mata Atlântica, que apresenta fauna, flora e recursos hídricos não encontrados em outro lugar. O santista vive em uma ilha cercada pelo verde dos morros e que tem grande parte de sua área continental localizada em unidade de conservação ambiental, o Parque Estadual da Serra do Mar.

A ação do homem, ao longo do tempo, interferiu na preservação do bioma e dos ecossistemas que nele vivem. Mas ainda há muito a se preservar. Segundo o biólogo e secretário de Meio Ambiente, Fábio Alexandre Nunes, os cidadãos podem fazer sua parte com ações individuais. “O consumo consciente, por exemplo, é uma dessas iniciativas que ajudam a manter a biodiversidade”.

Na Semana de Meio Ambiente, comemorada de sábado até o dia 12 com ampla programação idealizada pela prefeitura, por meio da Semam (Secretaria do Meio Ambiente) e parceiros, a biodiversidade da cidade será mostrada aos munícipes, que aprenderão ainda como colaborar para a preservação da natureza, que está mais próxima do que podem imaginar.

Certamente, no dia a dia, todos passam por algum ingá, árvore mais comum no município, entre as mais de 100 espécies. Ela dá frutos e os demais benefícios das árvores: sombra e redução da temperatura, do barulho e da poluição. Nos últimos anos está dividindo espaço com manacás-da-serra, quaresmeiras, ipês de várias cores, aroeiras e alecrins-de-campinas.

“Existe, de cinco anos para cá, um planejamento para a arborização na cidade. Hoje, o programa contempla novos tipos de árvores, garantindo o equilíbrio, e prioriza o plantio na Zona Noroeste, conforme o engenheiro agrônomo e chefe do Departamento de Áreas Verdes, João Cirilo.

Campeões do Verde
As áreas mais verdes:
Jardim da orla - 200 mil m2
Jardim Botânico - 90 mil m2
Orquidário Municipal - 45 mil m2

Garças nos canais e tiês no céu
Pontos de localização para os santistas e visitantes, os canais formam verdadeiros corredores verdes e atraem ‘munícipes ilustres’. São garças-brancas-grandes e pequenas e socós que marcam presença, principalmente nos canais 1 e 2, em busca de água, peixes e insetos.

Olhando para o céu, você observa um festival de pássaros. O tiê-sangue gosta de voar pela praça do Sesc, Orquidário, Jardim Botânico Chico Mendes e pelo Morro da Nova Cintra. Quero-queros, cuja população está crescendo por aqui, adoram a área do Parque Municipal Roberto Mário Santini (emissário submarino). A Avenida Ana Costa atrai periquitos; já sabiás espalham-se pelos bairros e bem-te-vis cantam por toda parte.

“Eles vêm atrás da alimentação e do abrigo encontrados nas árvores. Cada espécie plantada atrai um tipo ou mais de aves. Basta que o santista esteja atento para observá-las e ouvi-las”, recomenda a bióloga Maria Cecília Furegato, coordenadora de Políticas Ambientais e que já publicou estudos sobre aves.

Praia apresenta show de cores e espécies
A biodiversidade também dá o ar da graça na orla. A começar pelo maior jardim de praia do mundo, com 5.335 metros de extensão, onde há mais de 72 espécies de plantas ornamentais, sendo as mais encontradas os lírios amarelos e os biris nas cores laranja, amarelo e vermelho, mais chapéus-de-sol e palmeiras, propiciando um espetáculo diário de cores e perfumes.

Esse patrimônio natural ainda tem a função de abastecer de novas espécies os próprios canteiros. Em trabalho permanente executado por funcionários da prefeitura, tudo o que se retira é replantado em outro espaço. Ou seja, o jardim da praia é autossustentável.

No mar o ecossistema concentra espécies como estrelas, bolachas e ouriços do mar, algas, moréias, siris-azuis e peixes, cação, betara, pescada, sargentinho, corvina e tainha, entre outras.

Mas deve-se tomar cuidado com os ‘corruptos’, crustáceos que vivem embaixo da areia. São protegidos por lei municipal. Portanto, não podem ser retirados do seu habitat. Assim como os demais elementos da natureza, eles desempenham importante função para o equilíbrio dos ecossistemas. Pequenos, absorvem em seu organismo substâncias tóxicas encontradas no meio ambiente.

Indo para o mar aberto, com sorte, pode-se avistar golfinhos a caminho ou de volta do mangue onde se alimentam de peixes. “Às vezes, recebemos telefonemas de pessoas dizendo ter visto golfinhos e botos”, acrescenta a bióloga Maricene Santos dos Passos, do Aquário Municipal.

Morros e área continental são pontos mais preservados
Os morros e a área continental são os pontos mais preservados de Mata Atlântica. Mesmo tendo sido urbanizados, os morros ainda oferecem ar mais puro e temperatura agradável, devido à concentração de verde. Segundo o biólogo Alexandre Rezende, da Coordenadoria de Controle Ambiental, encontram-se gambás, bichos-preguiça, morcegos e cobras e mais de 50 espécies de aves.

É na área continental, no entanto, que está o grande patrimônio natural do santista. Para ter dimensão da diversidade da região que faz divisa com Bertioga, só o número de aves é o triplo do encontrado na área insular (porção onde está a cidade urbanizada). Existem também espécies ameaçadas de extinção, raras e em perigo, como as árvores canela-preta, jacarandá e jequitibá, as plantas samambaias, bromélias e orquídeas, e o macaco bugio.

À conta devem ser somados os rios, cujas águas límpidas são captadas para o abastecimento do porto, Guarujá, indústrias de Cubatão e dos bairros santistas do continente; e o manguezal, importante ecossistema para a reprodução, manutenção e abrigo de várias espécies, presente em abundância na área continental, mas que ainda pode ser encontrado em pequenos trechos na Alemoa, na Zona Noroeste e na Ilha Duas Barras, na divisa com Cubatão.